quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Omelete Jurássico.




A verdade verdadeira é que não aguento mais assistir ao horário eleitoral. Já deu. Já sabemos que a vaca foi para o brejo, perdeu o chifre e afundou, e ver ou ouvir aquele show de horrores todos os dias só entristece ainda mais o fazendeiro. Acontece que, tristeza de lado - entre promessas, números fantasmagóricos e insultos - não dá para ignorar o ovo de tyranossauro rex que, querendo ou não, virou o centro das atenções da campanha de segundo tempo.

A candidata à marionete e o presidente alcoólatra vestiram o pré-sal de verde e amarelo. E é nessa riqueza que todos os brasileiros e brasileiras devem depositar as suas esperanças. Eu considero que o pré-sal é uma riqueza do povo brasileiro para combater a pobreza e garantir educação de qualidade. E eu que achava que, para isso tudo é que eram arrecadados os meus impostos. A exploração da camada irá gerar mais empregos, investimento em pesquisa e tecnologia, modernização das refinarias e de bens e serviços, construção de novas plataformas e crescimento da petroquímica. E eu que, na minha inocência, achava que o Brasil estava na corrida pela produção de fontes alternativas de energia sustentável. E mais: é só o PT que tem a capacidade de chocar esse ovo, e, se der omelete e o tiro sair pela culatra, a culpa vai ser da oposição. É claro.

Não vem ao caso o fato de o petróleo estar a 7.000 metros abaixo da superfície do mar e sob 2.000 metros de sal. Ou de o Brasil não ter a tecnologia hábil à extração segura em escala comercial. Ou o fato de o povo nem saber o que é pré-sal (ontem, a moça que trabalha aqui em casa falou em pré-natal, que, dicerto, o negócio foi descoberto às véspera do dia 25, foi não, Don’anna?). Também não vem ao caso o fato de que os custos atuais da exploração são exorbitantes, e, considerando a oferta no mundo, o preço do barril não compensaria a produção cara. Não vem nem um pouco ao caso o fato de estarmos na era da produção de fontes de energia limpa.

O que vem sim ao caso é que, com a descoberta, a produção de petróleo brasileiro poderá dobrar para 30 bilhões de barris, tornando o país a quinta maior reserva do mundo. Ah, aí sim. E já que é assim, o Brasil pode deixar de lado a substituição da energia fóssil pela renovável dos biocombustíveis e levar todos os investimentos para a extração do petróleo. Pode também aprovar projetos de lei inconstitucionais, porque, afinal, o importante é instituir um novo modelo de exploração de jazidas e viabilizar os mais diversos interesses, que, são sim, e todos eles!, em prol do povo brasileiro.

Enquanto o mundo aperta o cerco às petroleiras, o Brasil choca o dino. E quem é que se importa com o esforço mundial para redução das emissões de CO2? Ah, tá, essa era a Marina-voz-fanha-Silva. Que o Lulinha, mesmo, só quer saber de álcool é no copo.

No mais, é esperar para ver. Não o resultado da eleição, que isso a gente já sabe, mas o tamanho do tyranossauro que vai sair desse ovo, em pleno século XXI.

Entre mortos e feridos, alguém há de escapar. E olha que ainda juntam tudo e inventam um marionete movida a etanol. E elegem ele. Afinal, o desastre do Golfo do México é tão coisa do passado quanto beijar na boca.

E viva o pré-sal (e namorar pelado)!

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